Quando a plateia salva o espetáculo
Beto Guedes integra a linhagem mineira da música popular brasileira, ramo que inclui nomes de expressão como Flávio Venturini, Lô Borges, Fernando Brant e a turma do 14 Bis, dentre tantos outros, reunidos, muitos deles, no Clube da Esquina, projeto capitaneado pelo gigante Milton Nascimento. Havia anos, senão décadas, que Beto Guedes não dava o ar da graça em Florianópolis, razão pela qual o anúncio de seu show causou comoção por aqui. Ocorre que o evento enfrentou algumas dificuldades: problemas na logística aeroportuária desgastaram fisicamente o artista, que coleciona já 73 anos de idade, e a sonorização foi comprometida por microfonias recorrentes. Percebendo o constrangimento do músico, a plateia decidiu que aquele show haveria de ser um sucesso, querendo ou não o destino: tomando as rédeas da situação, o público passou a interagir ostensivamente com o cantor, aplaudindo as sucessivas interrupções, fazendo troça do engenheiro de som (Colabora, Bruno!), descontraindo enfim o ambiente, não deixando, assim, a peteca cair. Superados os obstáculos iniciais, a banda, empolgada com a cumplicidade da audiência, correspondeu à altura, apresentando versões enérgicas dos clássicos de Beto Guedes que, ao final, acabou ovacionado. Comovido, prometeu voltar. Aguardemos, então.